AMAMS RECEBE RELATÓRIO QUE APONTA PREJUÍZO DE R$ 875 MILHÕES NA AGROPECUÁRIA DO NORTE DE MINAS EM 2025
| 23 de Outubro de 2025 - 10:56
A Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (AMAMS) recebeu o Relatório Agroclimatológico do Norte de Minas referente ao ano civil de 2025, elaborado pela Emater-MG, que aponta prejuízos de aproximadamente R$ 875 milhões nas lavouras e na pecuária da região. O documento, assinado por José Arcanjo, coordenador regional da Emater, evidencia que o Norte de Minas enfrentou, no mesmo ano, dois fenômenos climáticos extremos: fortes chuvas no início de 2025 e, posteriormente, uma estiagem prolongada, agravando os danos ao setor produtivo.
De acordo com o relatório, “as chuvas do ano agrícola 2024/2025, na maioria dos municípios, começaram apenas no fim de outubro de 2024. Apesar de novembro registrar volumes expressivos, as altas temperaturas persistiram, associadas à alta umidade, o que aumentou a incidência de pragas e doenças nas lavouras — especialmente de milho, feijão e mandioca, comprometendo a produção logo nos estágios iniciais das plantações.”
O presidente da AMAMS, Ronaldo Soares Mota Dias, prefeito de São João da Lagoa, destacou que o Norte de Minas enfrenta atualmente o fenômeno conhecido como “seca verde”,quando as chuvas deixam as pastagens esverdeadas, mas sem efeito prático para o solo e a produção.
“As pastagens até parecem verdes, mas o solo continua seco e improdutivo. É uma situação crítica. Esperamos que o Governo Federal adote, a partir da próxima semana, medidas emergenciais para mitigar os efeitos da estiagem, como a renegociação das dívidas dos produtores rurais”, afirmou o presidente.
Chuvas irregulares e perdas acumuladas
Segundo os dados, a precipitação média acumulada em 2025 foi de apenas 440 milímetros, concentrada em cerca de 15 dias. Cerca de 60% desse volume caiu em janeiro, enquanto de maio a setembro praticamente não houve chuvas significativas. Essa irregularidade, associada às mudanças climáticas e ao fenômeno La Niña, tem causado impacto direto na produção agropecuária e no abastecimento de água.
O relatório alerta que muitos municípios enfrentam ondas de calor, baixa umidade e esgotamento dos aquíferos, deixando grande parte da população rural dependente de caminhões-pipa. Também aponta que o êxodo rural tem aumentado, com agricultores migrando para outras regiões em busca de trabalho temporário em colheitas de café e laranja.
Recomendações e ações emergenciais
Entre as medidas propostas no relatório, estão:
- Implementar um programa de revitalização e manejo integrado de sub-bacias hidrográficas, com obras de captação e armazenamento de água, correção de solo e construção de terraços;
- Ampliar o apoio governamental com recursos diretos às prefeituras para ações emergenciais;
- Promover práticas agroecológicas e agricultura regenerativa, com difusão de tecnologias adaptadas às mudanças climáticas;
- Prorrogar e renegociar dívidas rurais, simplificar o acesso ao crédito e priorizar políticas de convivência com a seca;
- Equipar as prefeituras com caminhões-pipa, patrulhas agrícolas, retroescavadeiras e motoniveladoras;
- Construir cisternas e sistemas de captação de água de chuva em comunidades e prédios públicos;
- Fortalecer a assistência técnica rural e ampliar a aquisição de produtos da agricultura familiar por programas como o PAA e o PNAE;
- Implantar armazéns da Conab em cidades estratégicas (Janaúba, Januária, Salinas e São Francisco), ampliando o acesso ao Programa Venda em Balcão;
- Ampliar a doação de kits de irrigação (Irrigaminas) e prorrogar o estado de emergência dos municípios afetados;
- Investir em energias renováveis, como painéis solares em poços comunitários, e resolver as quedas constantes de energia que dificultam as atividades rurais.