Seminário avança execução do Programa Estadual das IST/Aids e hepatites virais no Norte de Minas

| 10 de Abril de 2019 - 19:36

Com o objetivo de alinhar as diretrizes das ações do Programa das Infecções Sexualmente Transmissíveis – (ISTs) no Norte de Minas, ai se incluindo o HIV/Aids e as hepatites virais B e C, a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais – (SES-MG) iniciou nesta quarta-feira, 10, em Montes Claros, a realização de seminário envolvendo a participação de médicos, enfermeiros, biomédicos e profissionais que atuam nos serviços de vigilância epidemiológica de 53 municípios. As localidades integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS).

O seminário, que está sendo realizado no auditório da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene – (Amams), prossegue nesta quinta-feira, 11, e, entre outros temas a referência técnica das infecções sexualmente transmissíveis do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador – (Nuveast) da SRS, Márcia Corrêa, repassará aos representantes dos municípios orientações sobre a implantação do serviço de testagem rápida para HIV, sífilis e hepatites virais nas unidades de atenção primária à saúde. Esse serviço já é ofertado em alguns municípios e a ampliação para todas as localidades depende da adesão das secretarias municipais de saúde que deverão disponibilizar espaço físico adequado, além de profissionais que passarão por capacitação teórica e prática.

A coordenadora do Nuveast, Agna Soares Menezes destaca a importância de um maior número de municípios disponibilizarem a testagem rápida para HIV, sífilis e hepatites virais para a população. Isso porque, explica, “quanto mais cedo uma pessoa procurar uma unidade básica de saúde ou Centro de Testagem e Aconselhamento – (CTA) e tomar conhecimento de estar infectado por alguma das doenças sexualmente transmissíveis, mais precoce pode ser iniciado o tratamento”.

PROGRAMAÇÃO

O Seminário foi aberto pela médica infectologista, Cláudia Biscotto, do Centro de Referência de Doenças Infecciosas – (Cerdi) da Universidade Estadual de Montes Claros – (Unimontes). Ela falou sobre a história, diagnóstico e tratamento de HIV/Aids e da sífilis.

Na oportunidade a médica reforçou a importância do diagnóstico precoce das doenças sexualmente transmissíveis pois, no caso do HIV/Aids “infelizmente muitos jovens tem contraído a doença cada vez mais cedo, em virtude da prática de sexo sem uso de preservativos”.

Cláudia Biscotto salientou que entre 2007 e junho de 2018 foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – (Sinan), mantido pelo Ministério da Saúde, 247 mil 795 casos de infecção por HIV no país, sendo 68,9% envolvendo homens.

“Apesar das notificações de infecção por HIV está caindo, tomando-se por base o início da epidemia na década dos anos 90, é preciso que as campanhas de prevenção contra o HIV/Aids sejam intensificadas, aliado ao diagnóstico precoce por meio da realização de testes rápidos disponíveis nos serviços de saúde. Isso é fundamental para que haja redução das taxas de óbitos e de morbidade das pessoas infectadas pelo vírus HIV, bem como a redução dos índices de transmissibilidade da doença”, salientou Cláudia Biscotto.

Nesta quarta-feira o Seminário teve continuidade com apresentação dos aspectos epidemiológicos, notificação do HIV, protocolo clínico e diretrizes terapêuticas. A apresentação foi conduzida por Débora de Freitas Santiago, integrante da coordenação do Programa Estadual IST, Aids e Hepatites Virais.

Na parte da tarde a referência técnica do programa estadual das doenças sexualmente transmissíveis, Talane Alcântara falou sobre os aspectos mais importantes na investigação epidemiológica da sífilis; protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para profilaxia pós-exposição de risco à infecção pelo HIV.

Nesta quinta-feira, a partir das 8 horas, os sintomas, diagnóstico, tratamento e conduta das hepatites virais será o tema de palestra a ser proferida por Geraldo Scarabelli Pereira, referência técnica da Coordenação Estadual do Programa IST/Aids e Hepatites Virais.

A partir das 13h30m a médica pediátrica do Centro de Referência de Doenças Infecciosas de Montes Claros – (Cerdi), Janner Aparecida Silveira proferirá palestra sobre o diagnóstico, fluxo e conduta da criança exposta ao HIV e sífilis congênita. Em seguida, o seminário contará com apresentação dos serviços oferecidos pelo Grupo de Apoio à Prevenção e aos Portadores de Aids – (Grappa), em Montes Claros.

INFECÇÕES

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. A terminologia infecções sexualmente transmissíveis destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem apresentar sinais e sintomas.

As ISTs São transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. A transmissão de uma IST pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação.

As ISTs podem se manifestar por meio de feridas, corrimentos ou verrugas anogenitais. São alguns exemplos de IST: herpes genital, sífilis, gonorreia, infecção pelo HIV, infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), hepatites virais B e C.

A IST aparece, principalmente, no órgão genital, mas pode surgir também em outra parte do corpo, como, por exemplo, na palma das mãos, nos olhos e na língua.

O corpo deve ser observado durante a higiene pessoal, o que pode ajudar a identificar uma IST no estágio inicial. Sempre que se perceber algum sinal ou algum sintoma, deve-se procurar o serviço de saúde. E, quando indicado, avisar a parceria sexual.

O tratamento das pessoas com IST melhora a qualidade de vida e interrompe a cadeia de transmissão dessas infecções. O atendimento e o tratamento são gratuitos nos serviços do Sistema Único de Saúde – (SUS).

TESTES RÁPIDOS

A partir do momento que um município esteja preparado para colocar em funcionamento o serviço de testagem rápida para HIV, sífilis e hepatites virais, a SES-MG disponibiliza os kits para que o trabalho seja executado. O Sistema Único de Saúde – (SUS) oferece gratuitamente testes para diagnóstico do HIV e também para diagnostico da sífilis e das hepatites B e C.

Os testes rápidos são práticos e de fácil execução. Podem ser realizados com a coleta de uma gota de sangue ou com fluido oral, e fornecem o resultado em, no máximo, 30 minutos.

O teste de HIV deve ser feito com regularidade e sempre que uma pessoa tiver passado por uma situação de risco, como ter feito sexo sem camisinha. É muito importante que uma pessoa saiba se tem HIV, para buscar tratamento no tempo certo, possibilitando que ganhe muito em qualidade de vida.

Já o teste de sífilis deve ser feito com regularidade e sempre que uma pessoa tenha passado por uma situação de risco, como ter feito sexo sem camisinha. Nos casos em que o teste rápido for positivo, uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de análise laboratorial para conclusão do diagnóstico. A sífilis tem cura e o tratamento deve ser realizado imediatamente com aplicação de penicilina. 

Para saber se há a necessidade de realizar exames que detectem as hepatites B e C, a pessoa deve observar se já se expôs a algumas destas situações: praticou sexo desprotegido ou compartilhou seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam.

O diagnóstico das hepatites B e C é feito por meio de testes rápidos e de exames de sangue específicos, disponíveis na rede de serviços de saúde do SUS. Na investigação das hepatites B e C, é preciso um intervalo de pelo menos 60 dias após o contato inicial com o vírus para que os antígenos virais (no caso da hepatite B) ou anticorpos (no caso da hepatite C) sejam detectados no exame de sangue. Após o diagnóstico, o profissional de saúde indicará o tratamento adequado.